Abstract

Descreve-se o caso de uma mulher de 73 anos, com patologia osteoarticular degenerativa. Foi trazida ao serviço de urgência por dispneia súbita, associada a palpitações. Realizou angiografia das artérias pulmonares, por tomografia computorizada, para exclusão de tromboembolismo pulmonar tendo sido detectados, incidentalmente, 2 volumosos quistos hidáticos calcificados (Fig 1 e 2). Optou-se por manter vigilância dos quistos.
Apresentam-se as imagens pela exuberância da hidatidose hepática calcificada.
Os quistos hidáticos são o resultado da infeção pela forma de larva do Echinococcus granulosus. O hospedeiro definito do E. granulosus é o cão, e os hospedeiros intermediários a ovelha e o porco. O homem também é um hospedeiro intermediário, sendo a infeção geralmente adquirida por via fecal-oral.1
Epidemiologicamente, a região sul de Portugal é altamente endémica, estando o E. granulosus também presente no restante território.3 A incidência pode ser de 50 por 100.000 pessoas/ano e a prevalência pode atingir 5-10% em zonas endémicas.1
Os quistos hidáticos podem-se formar em qualquer local do corpo, embora o mais frequente seja o fígado (68.8-75%), seguido do pulmão (17.2-22%).4 A infeção é assintomática por longos períodos e os sintomas são o resultado do crescimento ou rutura dos quistos.2
A resposta imunitária do hospedeiro ao quisto origina uma cápsula fibrótica ao redor do mesmo, que posteriormente calcifica.2 Quando o quisto está totalmente calcificado, o parasita está inactivo ou morto.1
O diagnóstico centra-se em exames de imagem, preferencialmente a ecografia. Os testes serológicos podem complementar os exames de imagem e ajudar no seguimento pós-operatório.
O tratamento depende do estadio, localização, número e dimensão do quisto. Nalguns casos é aconselhada vigilância ecográfica, noutros podem ser utilizados os anti-helmínticos, como o Albendazole ou o Mebendazole, e noutros ainda, é recomendada a cirurgia ou tratamentos percutâneos.

© 2017 Galicia Clínica.

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